domingo, 21 de agosto de 2016

3 soluções milagrosas para a vida - e você tem que ficar longe delas!

Não tenho uma ideia exata de quantas pessoas eu já conheci nessa vida que leram todo tipo de publicação do mercado de auto ajuda procurando soluções mágicas para a vida ou porque simplesmente precisavam de um apoio moral e não tinham ninguém que lhes ajudasse.
Eu mesma já li muitos livros de auto-ajuda a maioria deles para fazer crítica, afinal, quem precisa de auto-ajuda quando se tem filosofia?
É no mínimo curioso esse mercadão da auto ajuda e do empreendedorismo de palco, afinal, eles sabem dizer exatamente o que você quer ouvir, parece um culto religioso...

Normalmente, esses picaretas que prometem fórmulas do sucesso nunca são claros na informação, eles sempre escondem o ouro para você pagar para ter acesso ao segredo deles. Eu separei aqui, três exemplos de sinal alerta, isso vai fugir um pouco da proposta do blog, mas nada custa falar um pouco do que temos engasgado.

1) Os picaretas do inglês em 4 meses


Nem sei se dá problema usar a liberdade de expressão pra demonstrar minha completa descrença com esse tipo de coisa. Se é possível falar um idioma em quatro meses, eu realmente adoraria saber, mas pelo levantamento que fiz e por experiência pessoal, eu creio que isso não é possível, pelo menos para a maioria. Eu nunca li depoimento de pessoas que ficaram fluentes em quatro meses. O método desses caras deve servir pra alguma coisa, mas não creio que seja possível falar um idioma em quatro meses não, nem se você se dedicar muito aos estudos, que é uma coisa que eu acredito que as pessoas que procuram esses métodos não querem fazer. Elas não querem passar anos se dedicando a um idioma e nem estudar pelo menos uma vez por semana, querem soluções mágicas, onde esses caras conseguem lucrar.
Eu fiquei fluente no inglês estudando sozinha, mas eu não tenho nenhuma fórmula mágica. Demorei quatro anos pra finalmente ser capaz de entender tudo que eu leio e ouço, mas se isso serve de consolo, existe um quadro europeu comum de referência para línguas que serve como uma escala de evolução no idioma. Eles falam apenas dos extremos, ou você fala ou você não fala. Isso não é verdade e quem estudou inglês sabe bem.
Eu podia me comunicar com certas dificuldades quando ainda estava no nível básico (A2). Claro que eu precisava fazer um esforço, mas já conseguia ler livros simples como o clássico "A Wrinkle In Time" e entender com certo esforço alguns vídeos. Quando terminei o nível B1, era incrível como a minha mente já tinha mais clareza de tudo e assim eu fui estudando até ser fluente.
A fluência vem com o tempo e não existe milagres. E como estamos na era digital, é mais fácil ainda conseguir aprender inglês, existem aplicativos, vídeos, livros para download a rodo por esse mundo digital que habitamos.
O que parece nesses métodos mágicos de inglês é que, ao acordar, de repente você estará falando. Como tudo na vida que você aprendeu, foi um processo, teve evolução e existem muitas coisas que sempre estaremos nos aperfeiçoando. O inglês, como qualquer outro idioma, é um conhecimento que para adquiri-lo, você precisa estudar, como qualquer coisa que você já se esforçou na vida para aprender.
Não dê seu dinheiro pra essas pessoas, amigo(a). Estude um pouco todos os dias e você chega lá.

2) Garantindo seu primeiro milhão

Essa eu adoro. Eu realmente não tenho uma fórmula pra te tornar um milionário, mesmo porque eu não me tornei uma. Já li muito sobre isso e a única conclusão que eu consigo chegar é que para ser um milionário você precisa ter sorte de ganhar na loteria ou herdar algum bem significativo.
Alguém pode me dizer que eu estou exagerando, que existem maneiras de trabalhar e chegar lá. Ok, pode ser. Só que eu não acredito em fórmulas mágicas para o sucesso e todo esse chorume de auto-ajuda publicado por aí. Se você vai trabalhar duro pra isso, boa sorte e se cuide pra não ter um infarto. Mas do contrário, digo novamente o que todos já estão carecas de saber: que auto-ajuda e conselhos de sites de facebook só favorecem quem os escreve e só serve pra entupir seu feed de spam. Não dá pra 7 bilhões de pessoas no mundo serem milionários, senão, com tanta informação todo mundo seria. Faça um favor a si mesmo, feche a rede e descanse sua mente dessas bobagens.

3) A dieta da vez
Já é difícil para o meu pobre cérebro anti-sofredor demais entender como alguém consegue se manter em uma dieta restringindo alimentos. Mas ok, muita gente faz isso sem sequer entender porquê faz, estão apenas sedentos para se encaixar em um padrão de beleza. Santa obediência... Convenceram a gente que precisamos abdicar da nossa felicidade e do nosso prazer em saborear um alimento para se encaixar em uma tolice chamada padrão de beleza e tudo isso para quê? Pra mim não serve para nada, mas para a indústria, isso tudo é uma mina de ouro.
Todos começam a alegar que é em nome da saúde, mas eu não creio que obsessão por emagrecimento, dieta incessante e ciclo engorda-emagrece, seja necessariamente o que eu posso considerar como saúde. Saúde mental não é saúde também? As pessoas que participam do mercado da dieta, perderam a sanidade... Ou precisam de um tapa na auto-estima. Um famoso médico aí perdeu o diploma dele, mas e daí? Quem liga pra saúde e qualquer discernimento quando o assunto é emagrecer, não é mesmo?
Vale tudo, todas as dietas disponíveis no mercado, cada ano que passa surgem novas e, pelo que sabemos, a obesidade só aumenta... Tem dietas insanas no mercado, até uma tal de dieta da USP (que a USP nunca elaborou) tem gente que segue, pouco importa o que aconteça com você, estando magro é o que vale. Foda-se a saúde, né? Mesmo que você jure por tudo na vida que é por saúde que você faz isso.

Primeiramente, quero dizer que o item 3 será longo, estou no clima de desabafo. E depois, lamento informar, mas eu não vou dizer pra você o que você deve fazer pra emagrecer porque, além de eu não ter interesse algum no peso alheio, eu não sou médica, nem nutricionista, nem nada ligado à saúde. Quem quer emagrecer, procure ajuda médica porque não existe nenhuma solução milagrosa que fará isso por você.
Dito isso, vamos voltar ao chorume nosso de cada dia.

Os picaretas da dieta sempre possuem uma maneira mágica e desconhecida para o emagrecimento, que você só tem acesso quando paga pela informação. Assim que a informação chega, você percebe que gastou dinheiro porque é sempre mais do mesmo: você tem que querer muito, se esforçar, não existe milagre. Você se esforça, vai longe, fracassa e eles são categóricos em dizer: a culpa é sua que não se esforçou o suficiente. Mas nunca será suficiente. O que importa é o seu dinheiro, o resto é balela. Se isso resolvesse de alguma coisa, não haveria ninguém gordo, logo, essa indústria do emagrecimento não iria faturar seus milhões.

A "verdade" suprema que ninguém conhece e você precisa pagar para conhecer mais do mesmo

Os livros de auto ajuda para o emagrecimento também são incrivelmente longos. Li muitos e nunca achei que mudassem muito um do outro. Tudo cai em uma dieta. Até os livros que prometem uma psicologia revolucionária para o assunto são mais do mesmo.

Uma simples busca no google por livros de emagrecimento e sai uma lista infinita

Todos os métodos vão te dizer de uma forma muito acalantadora o seguinte: feche a boca e faça exercícios. Resumindo, é isso e livro cretino é o que não falta.
E bem, eu pelo menos não me sinto nada feliz de alguém enfiar o dedo na minha cara e me mandar "fechar a boca". Ninguém gosta disso porque somos humanos, e como tal, gostamos de comer, de comida saborosa, de desfrutar bons momentos com amigos, familiares, festas, fazer um almoço gostoso e satisfatório e deveríamos nos sentir felizes por isso... Mas não. Enfiaram na nossa cabeça que isso é uma espécie de desgraça e esses livros vão vender, páginas no facebook vão bombar, grupos serão criados para compartilhar imagens e os poucos que emagrecem são os vencedores, os exemplos, e a maioria, bem... Esses serão os preguiçosos que não queriam realmente. Incrível.
Não me estranha muito que os compartilhadores de chorume fitness se vangloriem de seguir uma dieta assim/assado e se achem os guerreiros da bunda dura. Para eles é heroico ficar comendo essas comidas pouco interessantes e insossas todo santo dia, enquanto quem não consegue é por falta de vergonha na cara. É a hora que eu coloco a minha mão na cabeça e me pergunto se esse povo sofre de algum desequilíbrio mental. Enfim...

No meio disso tudo, surgem novas abordagens, claro. Existem livros que fazem uma proposta melhor, pra que você jogue tudo isso no lixo e faça diferente, tipo seguir seu corpo, seus instintos, etc.
Um exemplo disso é a nutricionista Evelyn Tribole, que escreveu um livro (dentre tantos) chamado "Intuitive Eating". Eu já dei uma lida em muitos desses livros, até nos livros mais lights, que te mostram uma abordagem mais diferenciada. Aliás, eu posso dizer que já li muitos livros de auto-ajuda por pura curiosidade, já que eu sempre fui entusiasta do ensino da filosofia para nos ajudar com o rumo de nossas vidas.

Nenhum livro de auto-ajuda me convenceu, eu esperava que Tribole fosse a primeira. Porém, ao comentar sobre o livro, uma amiga - e essa amiga já tentou de tudo que se pode imaginar para emagrecer -, me disse que ficou emocionada com esse livro e que tinha que ler novamente para entender 100% do que o livro queria dizer. Se ela entendeu 100%, eu não sei, mas ela, por alguma razão misteriosa e incompreensível, não conseguiu emagrecer um quilo sequer. Foi então que eu percebi que esse tipo de livro é só mais do mesmo, vendem uma ilusão para os pobres desesperados que tentaram de tudo e não conseguiram. É interessante entender que esses livros propõem algo inovador como o comer intuitivo, que você pode comer o que quiser sem neuras e o emagrecimento é uma consequência. Mas ainda creio que quem procura esses livros, quer uma alternativa fácil para emagrecer, e isso não existe. Se a pessoa não consegue, novamente fica frustrada.

Muitos nutricionistas divulgam que dietas não passam de pseudociência que enriquecem o mercado de emagrecimento e só contribuem para o aumento de peso. Nesse meio, surgem os nutricionistas que fazem cada vez novas abordagens que se espalham nas redes sociais.
Mas os que você precisa prestar atenção, são naqueles "profissionais" que nunca falam qual é a "fórmula do sucesso", você só saberá se procurá-los e se pagar - e não custa barato - para finalmente conseguir o que você tanto deseja. Isso até me faz lembrar um livro de Lair Ribeiro chamado "Emagreça Comendo", e quando você vai ler, fica decepcionado porque ele não vai te dizer que você pode sair comendo hambúrguer e fritura todo santo dia e ainda sim emagrecer. Se você está procurando uma fórmula pra ser sedentário e comer tudo exageradamente sem limites e emagrecer, sinto muito, isso não existe. Se você procura um meio de se curar da compulsão alimentar - problema de nível psicológico - um livro de emagrecimento ou uma curtida em páginas de nutricionistas do terror, pode alimentar mais ainda esse problema, causar ansiedade e o resto, todos já sabem. Sério, procure um psicólogo. Livro de auto-ajuda pode agravar esse problema ainda mais.

Ah, esqueci... Quanto ao comer intuitivo, os livros possuem conteúdos que você pode até achar na internet e não passa muito disso. Até a wikihow resume o que tem nesses livros, mas se você acredita que o seu dinheiro deve ser gasto nisso, vá em frente.
Antes, saiba que ciência não tem dono e nem é milagrosa. É um conhecimento que toda humanidade deve ter acesso, então, leia sobre como identificar um charlatão antes de fazer suas escolhas. Principalmente se eles estão dizendo que ninguém além deles podem te ajudar ou se eles falam de uma maneira que detém um super conhecimento revolucionário e vão dando apenas pistas do que pode ser, mas se você quiser conhecer a verdade suprema, só procurando eles e pagando para isso. Conhecimento científico não tem dono!

Faça um favor a si mesmo: relaxe e vá tomar um refresco.
Não se incomode com a opinião alheia e comece a fazer vista grossa com quem se acha no direito de falar qualquer coisa sobre o seu corpo. Quem te fala isso não vive uma vida plena de felicidades e realizações, pois se vivessem não fariam isso.







domingo, 14 de agosto de 2016

12 coisas que eu aprendi com Black Mirror

Eis uma série que eu recomendo chamada "Black Mirror". Eu fiquei realmente assustada com aqueles cenários distópicos que nos faz refletir para onde estamos caminhando com a tecnologia.
Eu não sou muito de séries, não gosto de fazer maratona e até aqui eu imagino que você deve pensar que eu sou uma chata incurável, mas é apenas paciência que eu não tenho muito. E quando tento acompanhar a série pela TV, eu desisto no terceiro ou quarto episódio, então, séries nunca foram meu forte.
Porém, uma amiga insistiu que eu assistisse essa série, ela disse que era a minha cara, afinal, eu sou dessas que gosta de analisar o lado obscuro da tecnologia. Como a série é curta, eu assisti todos os episódios disponíveis até o momento (sete no total). Claro que virei fã dessa sombria série, que me deixou bastante assustada e decidi compartilhar com vocês o que eu aprendi com cada episódio.

****Contém Spoiler****



1) Qualquer bobagem é capaz de nos entreter
No episódio "Hino Nacional", a princesa da Inglaterra é sequestrada por um grupo de terroristas e ao invés de exigirem pagamentos ou presos libertos, eles pedem que o ministro transe com um porco em rede nacional. Claro que é um pedido absurdo e constrangedor, o ministro não cede no início, mas acaba fazendo isso, sem nenhuma saída. Porém, trinta minutos antes do ato, a princesa já tinha sido liberta e ninguém se deu conta porque estavam todos assistindo a degradante cena do ministro transando com um porco. Ou seja: damos atenção para mesquinharias, nos importamos com tolices e entramos na onda de todo mundo.

2) A internet rouba nossos sentimentos
Nesse mesmo episódio "Hino Nacional", o ministro quis que o vídeo ficasse em segredo, mas como foi publicado no facebook, após ser retirado, milhares de usuários fizeram cópias e publicaram, sem o menor pudor. A notícia se espalhou e o mundo inteiro já sabia do incidente. Isso me fez lembrar diversas histórias que rapidamente se espalharam pela rede social e ficaram famosas, como, recentemente de um médico que debochou de um paciente por ele falar "peleumonia". Quanto mais em alta está a notícia, mais temos coragem de expor e falar dela, seja bom ou ruim. Isso me lembrou um artigo da revista Superinteressante, onde explica que quanto mais amigos temos no facebook, mais ficamos agressivos. Elementos como narcisismo e competitividade, tornam esse comportamento cada vez pior e quando você tem um rio de pessoas que concordam com você, a coisa afunda de vez. As pessoas gostam mesmo de ver outras se ferrando, eis a verdade.
E antes que me perguntem, não eu não estou defendendo o médico que teve a infelicidade de cometer essa maldade com um paciente que confiou nele. Só estou alegando que a internet tem o poder de multiplicar qualquer coisa que você posta e você não pode confiar em absolutamente ninguém. Portanto, cuidado com o que você posta em grupos ou fala por aí. Pense e tente ser mais humano. Evolua.



3) Gastamos dinheiro com futilidades que não existem
No episódio "Quinze Milhões de Méritos" vemos uma realidade distópica - e espero que nunca exista - de pessoas escravas que pedalam nas bicicletas para gerar energia e ganham pontos aos poucos, dos quais serão usados para comprar comida, itens básicos e todo tipo de futilidade possível para preencher um avatar. E por acaso não é o que fazemos quando compramos itens de joguinhos e programas bobinhos em shoppings virtuais? Nós já sabemos que consumismo é uma doença. Sabemos que boa parte do nosso dinheiro é gasto com futilidades, mas imagine viver em um mundo onde a coisa chega a um extremo de pouco se importarem com o frescor do planeta para comprar itens para um avatar e... Ops... Acho que isso se assemelha um pouco com o que fazemos, não?

4) Programas de entretenimento além de fúteis, descobriram uma fórmula para te manipular
Em "Quinze Milhões de Méritos", tomamos conhecimento de que a esperança para os amiguinhos das bicicletas é um programa de reality show semelhante ao "American Idol", onde você tem que se expor para milhares de pessoas e passar um tremendo ridículo aguentando jurados mal humorados que só pensam em te humilhar. Não importa se você tem talento, esses programas sempre vão exaltar o seu pior lado. A humilhação faz parte, cortar todas as suas esperanças também, afinal, querem te fazer acreditar que você nunca será bom o suficiente.

5) Preferimos viver uma farsa ao invés de aproveitar a vida real
Ainda no "Quinze Milhões de Méritos", provamos um pouco do gosto amargo do que é ser, além de manipulados, termos nossas esperanças destroçadas em nome de besteiras e futilidades. O ator principal se apaixona por uma garota que conhece nas bicicletas e se encanta pela voz dela, acreditando que ela pode ser uma estrela. Então, ele se dispõe a ajudá-la comprando um ingresso para que ela participasse do reality show, mas não contava que os jurados a manipularia para que ela se tornasse uma atriz pornô, afinal, cantores são mais do mesmo. Ele quis um dia provar algo real, pegou na mão dela e acreditou que isso poderia mudar algo. Porém, foi um engano, ele não conseguiu dizer a ela tudo que queria e também não quis dar nenhuma chance de interação a uma outra garota que estava interessada em se aproximar dele. No fim, ele se revolta e vai ao programa falar umas poucas e boas para os jurados e para sua surpresa, os jurados acabam gostando do que ele disse e oferecem a ele uma vida melhor em um cubículo maior. Se ele quisesse viver qualquer coisa real, por que não permitiu a si mesmo de se aproximar de todas as pessoas? Isso acontece na nossa vida hoje onde perdemos chance de estar em algum lugar para ficar jogando ou fazendo qualquer atividade on line.
Eu me lembro que quando fui ao show de uma banda famosa. Eu e o meu ex namorado, na época combinamos que tiraríamos duas fotos para guardar conosco e foi o que fizemos, aproveitando o show. Eu me pergunto, quem consegue aproveitar 100% algo com a preocupação em conseguir uma imagem digital?




6) Nós já somos indeléveis
Tudo que você posta na internet, fica lá. Não importa que você delete, será armazenado em algum lugar e você não tem uma garantia que seus dados não perambulem por aí. Uma vez eu deixei um email antigo meu como resposta no site "Yahoo Respostas" e muitas pessoas me escreviam pedindo ajuda eu precisei deletar o email porque a minha resposta do Yahoo não tinha como ser apagada. Atualmente o facebook disponibilizou um recurso de lembranças, onde mostra o que aconteceu "neste dia" nos anos que você esteve conectado. Eu que mudei minha opinião às vezes sinto vergonha de tantas bobagens que eu escrevia antes e pior: deixava tudo público.
Armazenar nossa memória é bom? No episódio "Toda a sua história", as pessoas usam uma espécie de grão que guarda absolutamente toda memória do que as pessoas fazem. Não bastasse isso, elas ainda podem exibir em uma TV. É aí que um homem desconfia que sua esposa o traiu e vai investigando toda sua memória até que por fim ele vê que suas desconfianças estavam certas. Considerando que muitos casais terminam o relacionamento por causa das redes sociais, é hora de relembrar tudo que você andou postando, pois nós mudamos de opinião e nossas memórias registradas podem nos prejudicar.





7) Registramos nossa vida na internet e ela é mais falsa que verdadeira
No episódio "Volto já", uma mulher perde o marido em um acidente e para superar o trauma, aceita usar um serviço de inteligência artificial que conversa com ela baseado nas informações que seu marido deixou nas redes sociais. Ela fica empolgada, impressionada com a realidade do serviço até que descobre que a memória dele pode ser inserida em uma espécie de robô com as mesmas características do marido. Mas com o tempo ela descobre que aquele não era ele e que boa parte das informações que deixamos nas redes, não é real. Isso diz muito sobre o que fazemos. Eu conheço pessoas que não possuem uma vida tão feliz, mas aparentam gozar de plena felicidade nas redes. Também conheço quem é bastante feliz e consegue viver uma ótima vida mas diz que está deprimido nas redes sociais.
A quem queremos enganar? Não enganamos mais ninguém...



8) Gostamos de ver as pessoas na pior
No episódio "Urso Branco", vemos uma mulher acordando em um quarto sem se lembrar de nada que aconteceu. Ela sai para fora e vê muitas pessoas com o celular na mão fotografando e olhando pelas janelas. Tenta dialogar com elas, mas ninguém responde, quando do nada surge um homem querendo matá-la. Quando ela foge desesperada pedindo ajuda e todos estão apáticos sem fazer nada e só ficam filmando seu desespero, ela encontra uma mulher no caminho que lhe diz que o mundo ficou maluco e os caçadores matavam pessoas vulneráveis e os outros acompanhavam tudo como bons voyagers. Ela não se conforma que ninguém atende ao seu sofrimento, ao invés disso, preferem tirar fotos.
Ao que parece, o sofrimento alheio é um deleite para nós, sendo criminoso ou não. No caso da mulher perseguida, ela foi condenada por participar do assassinato de uma menina e foi forçada a perder sua memória, então sendo assim, como ela saberia o que as pessoas queriam dela? Como sentiria o peso da justiça em seu colo se retiraram sua memória? E assistimos tudo quietos, filmamos, gravamos, opinamos... Não nos importamos com as pessoas. Existem casos de crimes em que a vítima é tão exposta na internet que pode colocá-la em perigo maior. Mas quem se importa, não? O que vale é proteger nossa conduta moral, nossos rios de likes garantidos.
Inclusive, li um texto com uma interessante analogia a esse episódio do Black Mirror.

9) Somos muito "corajosos" diante da tecnologia
Eu me considero uma boa pessoa. Tenho meus princípios, meus amigos, meu namorado e tudo isso é problema meu. Eu não tenho interesse em prejudicar ninguém e não me sinto dona de qualquer moralidade suprema para impor aos outros o que eu acho correto ou para julgar o que os outros fazem. E é por isso que eu evito dar lição de moral. Digo que evito porque esse blog é um espaço em que eu faço o possível pra refletir sobre as redes, mas não deixa de ser algum tipo de moralismo.
Porém, existem pessoas que realmente são péssimas. Quem não conhece o cara que bebe até cair numa balada, fala um monte de bobagens, não pensa nas consequências, mas está lá dando lição de moral nos outros, alegando que certas coisas não são para pessoas "de bem". Do mesmo modo que está cheio de gente "de bem" que adora xingar os outros, falam com arrogância e soberba, mas vivem em uma cúpula de hipocrisia.
No episódio "Urso Branco", descobrimos que a mulher perseguida é uma assassina e todos estão ali assistindo o palco da justiça, sentindo prazer em vê-la sofrer. Uma pessoa que nem se lembra de seus atos. Dado momento, eles sugerem que as pessoas fiquem bem longe, pois ela pode ser perigosa.
Ela? Oi?
Desculpe, mas uma sociedade que vive de julgar os outros e praticam todo tipo de linchamento moral on line, não pode ser considerada justa. Perigosos somos todos nós.

10) Normalmente não temos muita coragem de xingar de verdade
Insultos e xingamentos estão por toda parte nesse mundo virtual que habitamos também. Nossa essência muitas vezes fica presa aqui e não nos damos conta disso. Ou simplesmente deixamos escapar o nosso pior lado porque parece que muita gente é corajoso na internet. É virtual, você não está em um contato real com a pessoa do outro lado da tela e por isso, muitas vezes criamos uma certa coragem que não temos na vida real. Não é de se estranhar que amizades sejam desfeitas, namoros e casamentos terminados, empregos perdidos e relações sociais cortadas por conta de bobagens que falamos nas redes sociais. Nem todos possuem boa mentalidade para lidar com certas questões, então é preciso cuidar bem do que se diz.




11) Clichês e mesmisses fazem sucesso e se elegem!
No episódio "Momento Waldo", vemos uma coisa incrível: um ursinho mal desenhado, sem qualquer traço artístico que o diferencie de algum outro desenho de qualidade, controlado por um comediante que só fala palavrão fazer sucesso. O artista por trás dele estava desiludido, obviamente que eles só queriam dinheiro e badalação ao invés de qualquer show artístico e por isso, qualquer um poderia controlar aquele boneco falando bobagens.
Uma vez eu me peguei me perguntando o motivo de um desenho bobinho como a Pucca fazer sucesso. Ou coisas tipo teletubbies. Talvez por serem bobinhos façam sucesso, o que nos leva a crer que, basta uma ideia simples e um clichezinho para criar algo que dê certo, contando ainda com o efeito manada. Pode ser algo mal feito e simples, como o caso de South Park: só precisa conter a fórmula do escracho e do ridículo, o que me faz lembrar uma fábula de Monteiro Lobato chamada Qualidade e Quantidade.
Nessa mesma linha, temos os youtubers, que gravam vídeos falando as bobagens mais inúteis sem qualquer fundamento. Até aí ok, afinal, precisamos de entretenimento. E esses youtubers, não satisfeitos, lançam livros, camisetas, chaveiros, canecas e eu particularmente não acharia estranho que também concorressem à carreira política, como fazem tantos "artistas" e figuras públicas e são bem votados! É o típico voto cacareco. Com a política suja e as pessoas cansadas, acontece esse tipo de coisa: a esculhambação vence porque há muito tempo ninguém consegue levar a política muito a sério. Eu não tenho dúvida que se um desenho animado se candidatasse (se fosse permitido), seria pelo menos muito bem votado, como o que aconteceu no episódio do Waldo. E aí acabaria elegendo pessoas mal intencionadas que talvez não teriam ganhado se o fator fictício-falador-de-bobagens não tivesse se candidatado.
PS.: Gosto de Pucca e South Park, já me renderam bons risos. Mas ninguém me convence que aquilo é o mínimo que eu possa chamar de bela arte. Apesar de gostar eu me pergunto: por que isso faz sucesso, gente?




12) Não nos importamos conosco
 No episódio especial "Natal", vemos uma cena curiosa: duplicam nossa memória, contendo nossa essência e nossas informações para que esse pobre infeliz desse clone se torne uma espécie de "escravo pessoal". E deixam todos os sentimentos nele, como tédio e medo. Rendido, esse pedaço de ser humano passa a trabalhar para o seu 'eu' original.
Claro que eu não acredito que uma boçalidade dessa seria possível, mas se fosse, eu jamais faria. Eu sei que eu preferiria o suicídio do que viver em função de alguém, e mesmo assim, não haveria possibilidade de me matar. Esse é um caso drástico. Mas se analisarmos, muitas vezes esquecemos um pouco de nossa essência nas redes sociais. Comemos sem prestar atenção na comida e olhamos para o celular, às vezes atrasamos trabalhos e estudos para ficar na internet, há quem prefira ficar em casa fazendo maratonas de séries do que curtir um momento com os amigos... E existem casos curiosos de pessoas que sequer conseguem mais ler um livro porque sofrem um certo grau de abstinência se saírem um pouco da rede social.
Hora de prestarmos um pouco de atenção em nós, certo?



Conclusão
Obviamente há trocentas coisas que eu poderia falar de Black Mirror fazendo alusão com nossa vida real, mas listei o que eu realmente consegui traçar uma analogia. Se colocar em primeiro lugar e fechar a rede um pouco não faz mal a ninguém.
Ah sim, e antes que eu esqueça, esse blog não é contra o uso de nenhuma rede social, apenas me disponho a escrever para quem tem interesse em reduzir o uso das redes.

sábado, 6 de agosto de 2016

Para que serve o botão "Curtir"?

Eu também queria que a resposta fosse nada. Mas infelizmente eu tenho uma série de respostas e elas não são positivas.
Mendigar atenção, bombar publicidade, causar ansiedade, deixar as pessoas bravas, cobrir páginas inúteis de atenção e fazer certas pessoas apagarem as postagens quando elas não dão em nada.
Certa vez eu caí em uma discussão com alguns colegas de trabalho sobre o jogo "Fazendinha". Ainda era a época do Orkut e me lembro que muitos amigos gostavam de jogar aquilo. Como eu nunca joguei, não sou capaz de avaliar se o jogo era bom ou ruim. O caso foi que um dos meus colegas reclamou que a namorada dele gastou uma quantia de dinheiro bem considerável no jogo e para ele, aquilo era inaceitável, custando uma bela briga entre os dois. Alguns alegaram que o dinheiro era dela, e ela gastava com o que bem entendesse. Outros acharam aquilo absurdo, onde já se viu gastar dinheiro com joguinho?
Eu não tenho condição de avaliar se é certo ou errado, afinal, eu não gosto de opinar sobre o patrimônio dos outros. Mas uma coisa é bem questionável: você está pagando pelo que? Por uma coisa virtual? Você sequer pode segurar aquilo, tudo é simbólico, assim como o like do Facebook.
Quando se tenta reduzir o uso do Facebook, é também bastante útil não sair distribuindo likes pra toda postagem que você ver. Vai ter uma hora que, após aprender sobre você, o facebook vai jogar no seu feed só aquilo que combina com o que você gosta. Isso facilita ainda mais a comunicação e quanto mais likes você der, mais vai fortalecer a relação daquilo que é mais atraente para te manter logado. Pense bem, por que você precisa curtir tudo? E pra que você precisa de likes?

Eu tenho um amigo que possui uma página famosa. Ele fez uma postagem que recebeu poucos likes naquele dia e me convidou a curtir. Eu disse a ele que não concordava com o post e por isso não ia curtir. Imediatamente ele ficou ofendido e me cobrou um rio de explicações. Eu respondi a ele que em primeiro lugar, ele não tinha que me pedir para curtir nada. Depois, que normalmente eu dava um like avulso para coisas que eu realmente curtia, e aquilo eu não curti. E, por fim, eu expliquei a ele os motivos e disse que não ia dar like para favorecer ele. Aliás, tinha muito like, mas para o alcance da página, aquilo era pouco. Era curioso como o like era mais importante do que reavaliar a besteira que ele tinha escrito. Paciência, não?
Ao fim de tudo, eu não entendi ao certo se aquela discussão era real. Tudo por causa de um like? Uma coisinha que não serve pra nada, só pra alimentar um banco de dados e favorecer o facebook

Foi então que me vi sentada no vagão de um trem com o Facebook aberto e eu na condição apática, dando likes de forma mecanizada pra trocentas selfies, centenas de memes por minuto, centenas de postagens com links que eu nem abri pra ler (só julguei pelo título) e me realizando com ativismos pela rede. Enquanto isso, na minha bolsa estava um livro que eu arrastava há mais de uma semana e só tinha conseguido, com muito esforço ler três páginas. Eu estava cansada de tudo aquilo e por alguma razão, não conseguia ficar deslogada. Foi uma luta, devo admitir e muitas vezes eu me pego distraída, mas algo mais forte simplesmente passou por cima desse desejo estranho de ficar sentada sem fazer nada, me esforçando mentalmente na rede social.
Uns dias depois, dei uma olhadinha para o celular de um rapaz que estava sentado ao meu lado no metrô e apareceu um selfie de uma menina linda. Ele permaneceu sem expressão, apenas deu um joinha e continuou rolando a tela. Pois é... Modo automático.


Um dia eu comecei a perceber que eu não queria perder a minha vida inteira naquilo. O que guardamos de informação do mundo? As lembranças que estavam rodando na minha cabeça era apenas a telinha branca e azul do Facebook e eu estava ansiosa por tentar saber o que acontecia ali. Mas eu já escrevi nesse blog que eu me convenci aos poucos que nunca está acontecendo nada. Quem alimenta aquilo são as pessoas que não perdem nada e querem que o mundo saiba de tudo, que seus amigos vejam tudo e no fim das contas, contribuirmos com o nosso like.
Há quem possa dizer que eu sou exagerada, mas estou certa de que, para quem começou a enxergar o peso disso e está tentando reduzir o uso da rede, pode ser um suplício ficar sem visualizar os possíveis likes que nos deram. Experimente ficar um dia sem o facebook e veja se isso faz ou não diferença. Se fizer, considere pensar em reduzir.

O botão de like não tem qualquer serventia pra mim. Até seria útil se eu vendesse algum produto ou precisasse me promover. Mas o caso é que eu não tenho nada a vender e nem necessito promover a minha imagem, então, eu não preciso distribuir likes a rodo pra meio mundo e muito menos receber like de quem quer que seja. Isso só vai dizer ao Facebook que eu gosto disso/daquilo e será difícil sair de lá com a quantidade absurda de informações chegando por segundo. Uma vez eu abri meu facebook e vi que tinha umas 100 atualizações. Curiosa, fui checar o que eu havia postado para receber tanto like. Fiquei assustada quando vi que um homem desconhecido entrou no meu álbum e curtiu uma foto atrás da outra sem me conhecer. Inclusive, ele enviou um pedido de amizade. Imediatamente eu bloqueei, pois me senti assediada e a partir daquele dia excluí pelo menos 70% das minhas fotos e tranquei o restante só para amigos verem. Quando eu acessei o facebook pela primeira vez, eu ainda me recuperava de uma depressão que eu ganhei após um fim de relacionamento. As coisas estavam difíceis e eu encontrei um alívio por muitos anos, mas pouco a pouco tudo começou a perder o sentido e eu me envergonhava de algumas fotos postadas. Com o recurso "On This Day" ou "Lembrança", eu fiquei ainda mais triste e até envergonhada de muitas postagens que eu já havia feito. Em 5 anos a opinião de todos pode mudar drasticamente e você acaba ficando triste de ter postado tantas bobagens.

Diminuir é sempre um bom caminho, e prosseguir nossas vidas fazendo coisas reais, das quais o facebook não precisa saber. Selfies já não convencem mais ninguém, afinal, é cansativo ver as mesmas imagens das mesmas pessoas todos os dias. Eu particularmente envio um like no modo automático e creio que muitas pessoas também agem assim. Eu me limitei apenas a tirar fotos em momentos especiais de viagens ou encontro com familiares e boa parte delas não vão para o facebook. Aliás, nos últimos quase dois anos, eu devo ter enviado menos que cinco fotos para o facebook. Eu não estou te dizendo para fazer o mesmo, só estou tentando te dizer que, de certa forma, os selfies e as fotos exageradas nada dizem sobre você e normalmente, as pessoas dão like apenas por dar. Tente reduzir ou pensar no que realmente vale a pena.
A vida vai muito além da rede social e o facebook não precisa saber de tudo. Na minha lista de contatos tem um rapaz bem esclarecido, que vive postando absolutamente tudo que ele faz. Uma vez ele postou as anotações sobre a pesquisa dele e um minuto depois já tinha uns 20 likes e eu estou certa de que ninguém leu o conteúdo, apenas curtiu pra favorecer ele. Uma pessoa inteligente como ele, deve saber que as pessoas não vão ler suas anotações, só dar like por dar. Então pra que continuar postando?

Por que fazemos isso? Gostamos de nos enganar ou é uma atitude viciante sem explicação? Você tem alguma explicação melhor? Reflita.