domingo, 7 de julho de 2024

Quem realmente vai largar as redes?


Fotografia de Joseph Szabo
  Tenho lembranças ruins de drogas porque eu já bebi muito nessa vida e também fui fumante. Parei de fumar em dezembro de 2012, quase 12 anos, portanto. Também já fui aquela jovem maconheira e inconsequente, que não ligava muito para o que fosse acontecer comigo. O negócio era viver, curtir e isso que importava.

Assim minha vida foi passando e eu me dei conta que nada mudava. Não havia ganho nenhum em manter vício, só gastava dinheiro e ficava doente. No dia seguinte eu precisava trabalhar, já que as contas pra pagar nunca dão folga. Viver sempre no prazer, com emoção com cigarros e bebidas, isso era legal, mas em algum momento deixou de ser.

Se a gente notar bem nos filmes e séries, bebida alcoólica sempre está envolvida. Os personagens legais e descolados parecem não ligar muito para o que vão comer, mas gostam bastante de beber. Aliás, a comida deles quase nunca é tão boa, eles comem tranqueira e não se importam com o resto. James Bond mesmo, o 007 tem alcoolismo severo, de acordo com pesquisadores da Universidade de Otago e não aguentaria nem ficar de pé pra cumprir suas missões. Se algum evento exigir alta performance de alguém como correr longas distâncias, lutar, levantar cedo, viajar, etc, o comportamento deve ser exemplar, comer bem, se exercitar todos os dias e evitar bebida e cigarros. E nem pensar que eles teriam aqueles corpos sarados.

As companhias de cigarro até pagam para influenciadores de grande alcance fazer publicidade de produtos como o cigarro eletrônico. Eles miram sempre no público jovem porque é muito difícil convencer uma pessoa mais velha a fazer qualquer coisa. Eles são as forças por trás da rebeldia do jovem crer que está sendo um outsider fumando, bebendo e usando drogas, mas na verdade é só um boneco de vodu das grandes corporações que precisam de lucro. As pessoas legais do seriado estão bebendo e fumando. Estão comendo mal, tomando vodka no café da manhã e fazendo algo com o cigarro na mão. O herói da história, o mocinho, normalmente não é o cara que acorda cedo, faz exercício, se alimenta bem, não fuma, não bebe e cuida de sua aparência. Ok, acordar cedo não significa grande coisa e a maioria de nós não acorda cedo porque quer, mas sair do sedentarismo, se alimentar bem e evitar esses hábitos de beber e fumar é desejável pra vida de qualquer pessoa, sobretudo aquelas que vão saltar de um trem pra caçar um bandido.

O que quero dizer com esse post é que essa imagem do cara rebelde que vai contra a sociedade, que fuma e bebe, foi construída ao longo de anos para convencer a gente a fumar e beber. No século XVIII, o cigarro era muito atrelado às classes sociais. Aqueles senhores da aristocracia eram as pessoas que tinham acesso ao fumo e portanto, era visto como um símbolo de boa colocação social. As bebidas alcoólicas também eram dadas socialmente dessa maneira. Inclusive as bebidas alcoólicas e o fumo resistiram bem a guerra às drogas porque os homens brancos bem nascidos não queriam que ela fosse proibida.

Nos dias de hoje, as redes sociais são aquelas coisas que todo mundo ainda tem e no caso da geração z, já nascem vivenciando isso com a condição de que é normal ter rede social. As pessoas reclamam do twitter, que é uma insanidade onde se propaga tretas e quebra-pau sem sentido, mas não saem de lá. Claro, há quem diga que trabalha e não pode ficar sem, mas se o twitter perdesse a atenção, essas pessoas seriam forçadas a saírem de lá. E o foco desse post não é quem trabalha com rede social, mas sim a maioria que reclama, mas continua lá. Sabem que tem algo de errado mas acreditam que não podem ficar sem, precisam estar logado. Reclamam da vida boa que todo mundo leva no instagram com viagens e sei mais lá o que, mas são incapazes de sair de lá. O instagram, aliás, essa rede que se tiktokizou, o grande problema pra mim é mostrar pouco do que a gente realmente quer ver e entuchar o feed com publicidade e tolices que prendem nossa atenção, videozinhos curtos de gente estranha fazendo coisa esquisita.

Na minha opinião, os verdadeiros rebeldes à sociedade são aqueles que podem dizer não a coisas que causam problemas. Eu aqui sempre acho uma boa ideia deletar as redes sociais, mas não posso obrigar ninguém a fazer, embora incentive. É sempre bom viver sem estar exposto. No momento que escrevo esse texto, quero saber qual será o próximo viralismo, a próxima polêmica, quem a internet dará fama, pelo bem ou pelo mal. Isso é algo normal nas redes sociais, os assuntos se tornam polêmicos, entram em alta e caem no esquecimento. A Choquei volta a ser o que era antes, Pablo Marçal fica mais famoso do que nunca e nem sendo condenado pela justiça, figuras como Renato Cariani deixam de ficar em alta. 

É o preço que se paga por aceitar todas essas coisas controladas por grandes corporações e não por nós. A única solução que vejo é sair. Já fui do partido de que era possível controlar e não acessar, mas eu estava enganada. A única solução é deletar e parar de dar atenção a esse monte de bobagem.


***ATUALIZAÇÃO***
No dia 07/07/2024, esse post foi ao ar e eu não sabia que Pablo Marçal se tornaria candidato à prefeitura de SP, com expressiva quantidade de votos. Ele quase foi para o segundo turno!
Ele mesmo compartilha bobagens nonsenses na página dele para que o conteúdo seja viralizado.
Nesse vídeo, ele explica que joga informação falsa de propósito para ser corrigido e assim fazer o vídeo dele viralizar.
Sei que ocupo um lugar de irrelevância imensa insistindo em blogs, mas não vejo jeito melhor de trocar informação que não tenha sido processada e influenciada por um algoritmo. Compartilhar vídeo de pessoas como ele, é perigoso. Está na hora de todos percebermos que os influencers que fazem o modelo de react só querem ganhar dinheiro, não possuem nenhum compromisso sério com mudanças significativas.

 


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